"viver sem conhecer o passado é viver no escuro" (frase de "uma história de amor e fúria")
Sobre os rolezinhos
Mas o que é mais triste nessa coisa de rolezinho é o cerceamento do
direito à cidade. Em Santa Maria já houve o tempo do passe livre no
primeiro domingo do mês (essas coisas de petista na prefeitura) e que
fazia grande parte da população percorrer a cidade. O centro enchia de
gente e as lojas fechavam. Os argumentos eram os mesmos dos que ocorrem
agora. As pessoas falavam: "meu deus, quanto pobre na rua!", "cuidado!
Não saia hoje! É passe livre!", como se de repente se abrissem os
portais do inferno. O que se abriam eram as oportunidades de pessoas que
nunca, mas nunca saiam de seus bairros. Estas pessoas queriam também
curtir o centro da cidade, parques, ver gente, se misturar. "Mas aumenta
os roubos, furtos". Mentira! Só calcular a proporcionalidade de delitos
num dia normal com a de um dia de passe livre - que tem muito mais
gente na rua - que poderia se observar que não aumentava os roubos e
furtos. Aumentava sim o número de gente na rua. Mas pra uma classe
acostumada a ver somente pessoas de seu nicho social isso era espantoso,
causava espanto ver gente diferente, se vestindo diferente, consumindo
diferente. Naquela época os parques, pistas de skate (que é o que me
lembro) tinham sido criados, reformados e enfim ocupados pela população.
Entrou um governo de direita e o que aconteceu? Parques esquecidos,
pistas de skate abandonadas pela manutenção (sim precisa de manutenção) e
até, no ano retrasado os slack lines proibidos, ora, nem a classe média
se salvou, rsrsr. É bom pensarmos, e olharmos para trás. Como diz o
herói do filme "Uma história de amor e fúria": "viver sem conhecer o
passado é viver no escuro".