sábado, 1 de fevereiro de 2014



MPF/MS investiga contaminação em rio que abastece Dourados





Lacen/PR encontrou agrotóxicos em valores acima do permitido. Situação pode afetar a saúde dos moradores.
MPF/MS investiga contaminação em rio que abastece Dourados
Análise periódica deve averiguar presença de agrotóxicos na água consumida pelos moradores de Dourados. Foto: MPF/MS
Decisão liminar obtida pelo Ministério Público Federal (MPF/MS) e Estadual (MP/MS) determina a análise quinzenal da água consumida pela população de Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, com 207 mil habitantes. A análise deverá ser realizada na água do rio Dourados e nas fontes subterrâneas da região. O objetivo é apurar possível relação entre a contaminação da água por resíduos de agrotóxicos provenientes das lavouras e a saúde dos moradores do município.
As análises devem ser feitas pelo Governos Federal e de MS e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sob pena de multa diária de R$ 100 mil, até que se implemente efetivamente a pesquisa de resíduos de agrotóxicos no Laboratório de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS). 
O consumidor também deverá ser informado sobre os respectivos resultados das análises através das contas de água emitidas pela Sanesul (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul).
Água contaminada
A contaminação do rio Dourados foi identificada pelo Laboratório de Saúde Pública do Paraná (Lacen/PR), no período de janeiro a agosto de 2010, pois o Lacen/MS não possui estrutura técnica e de pessoal para realizar a identificação dos componentes tóxicos na água. 
Foi encontrada a presença do agrotóxico clorpirifós etílico - inseticida, pesticida e formicida, classificado como altamente tóxico pela Anvisa - e o temefós - larvicida comumente utilizado contra proliferação de mosquitos. Não só o consumo de água com estes produtos é prejudicial à saúde, como também afeta a alimentação dos peixes do rio, que concentram altos níveis das substâncias nocivas.
Perigos 
Nos Estados Unidos, em 2000, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) concluiu que o agrotóxico clorpirifós oferece grande risco, principalmente sobre o sistema nervoso e o desenvolvimento do cérebro e o fígado. Desde então, o produto não pode ser comercializado para uso urbano no país, e os agrotóxicos que contenham a substância têm uso restrito.
Já no Brasil, o seu uso como desinfetante domiciliar foi restrito em 2004, cinco anos após o caso ocorrido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde 112 funcionários do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) foram fortemente intoxicados.
Já o temefós, usado pelo governo federal no combate à dengue, foi substituído pelodiflubenzuron (DFB) em 2001, depois de 34 anos de uso. Na agricultura, ambos são utilizados em todo o país.
No dia 18 de fevereiro haverá uma audiência com a União e o Estado para indicar os padrões para o cumprimento das medidas estabelecidas. A partir desta data, a União tem o prazo de 30 dias para apontar o laboratório que realizará as atividades.
O Lacen/PR não pôde mais dar continuidade às analises por problemas técnicos e reforma no setor de agrotóxicos.
Referência processual na Justiça Federal de Dourados: 0003038-17.2012.4.03.6002
 
 
 
 
 
 
 VIA http://www.prms.mpf.mp.br/

Em Porto Alegre rodoviários mantêm greve e propõem passe livre a partir de segunda-feira

Rodoviários vaiaram o presidente do sindicato | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Rodoviários vaiaram o presidente do sindicato | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Lorena Paim
Em assembleia no final da tarde desta sexta-feira (31), os rodoviários de Porto Alegre decidiram manter a greve geral, sem nenhum ônibus saindo das garagens sábado (1) e domingo (2). Dia 2, data de Nossa Senhora de Navegantes, quando se realiza a tradicional procissão religiosa, deverá, portanto, ser de dificuldade para o deslocamento dos fiéis. Outra proposta aprovada foi a de que 100% da frota circule na próxima segunda-feira (3), desde que prefeito decrete passe livre em todos os coletivos. O comando de greve formalizará pedido nesse sentido a José Fortunati. O passe livre seguiria valendo até a oferta de uma boa proposta por parte dos patrões.
Começando às 18h30, com uma hora e meia de atraso, a assembleia no ginásio Tesourinha reuniu mais de mil rodoviários. O clima de animação era visível, com palavras de ordem gritadas pelos participantes e o som de música com instrumentos, na frente do prédio. Ninguém estava disposto a voltar ao trabalho, mesmo que o sindicato tenha se comprometido a levar à apreciação da categoria o acordo firmado no TRT, de colocar 50% da frota nas ruas. O atraso no início da assembleia foi uma maneira de dar às empresas a chance de enviar uma proposta ou sinalizar com algum item, por telefone ou e-mail. O que, segundo o comando de greve, não aconteceu.
Grevistas esperam por uma proposta melhor dos empresários | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Grevistas esperam por uma proposta melhor dos empresários | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Com o discurso afinado, mesmo os mais moderados integrantes da direção do Sindicato dos Rodoviários foram levados a aceitar a continuação da greve, que era o desejo dos participantes da assembleia. “É a categoria quem decide; não tem como convencê-los e por isso estamos desobedecendo a uma ordem judicial”, disse Jarbas Franco, secretário do Sindicato. Com uma fala curta, o presidente da entidade, Júlio Gamaliel Pires, foi vaiado, mesmo que tenha afirmado: “nós somos parceiros sempre, para qualquer decisão que for tomada”.
A partir dali, a assembleia passou a ser conduzida por Alceu Weber, coordenador da comissão de negociação, que tem um discurso mais avançado. Ele colocou a palavra à disposição dos demais integrantes da comissão (representantes dos quatro consórcios), que enfatizaram a união da categoria e disseram que o “acordo” assinado no TRT, na verdade, deveria ser levado à assembleia – e somente esta poderia referendá-lo ou não.
Definida a manutenção do movimento, o próximo passo foi eleger comissões de greve para cada garagem. Essas ficarão encarregadas da “conscientização”, para que nenhum ônibus saia às ruas, como já aconteceu nesta sexta. Outra deliberação é entrar em contato com o governador Tarso Genro, já que consideram que o prefeito Fortunati “não sabe administrar”.
Assembleia não aceita acordo firmado no TRT | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Assembleia não aceita acordo firmado no TRT | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Mediação da Câmara de Vereadores
Mais cedo, representantes dos grevistas foram recebidos pelo presidente da Câmara de Vereadores, Professor Garcia (PMDB). Foi mais um canal aberto para conseguir interlocutores para o movimento. Professor Garcia destacou que a Casa objetiva criar uma comissão para acompanhar o assunto e informou que acertou com a presidência da Assembleia Legislativa de buscar ajuda no governo federal. “Iremos falar com a presidenta Dilma Rousseff, porque o que estamos vivendo hoje em Porto Alegre vai se repetir no resto do País; não é um fato isolado”, disse. Ele avalia que, a exemplo do metrô, também o serviço de ônibus deveria ser subsidiado.
Com a presença de vereadores de diversos partidos, o encontro se deu em função de pedido dos grevistas ao vereador Pedro Ruas (PSol). Mas o presidente do Legislativo municipal recebeu primeiro os integrantes da comissão de negociação e, quando esses saíram, os dirigentes do Sindicato dos Rodoviários.


http://www.sul21.com.br/jornal/rodoviarios-mantem-greve-e-propoem-passe-livre-partir-de-segunda-feira/

“Sangue” no chafariz da Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria

Tinta representa o sangue das vítimas. Foto: Gabriel Haesbaert / Portal Extra
Tinta representa o sangue das vítimas. Foto: Gabriel Haesbaert / Portal Extra
Tinta jogada no chafariz representa o sangue de vítimas da tragédia
Um grupo de manifestantes que protestam pedindo justiça na Praça Saldanha Marinho, na tarde desta segunda-feira, 27, dia que marca o primeiro ano da Tragédia da Boate Kiss, em um ato de protesto pintam a água do chafariz de vermelho.
A água de cor encarnada representa o sangue derramado pelas vítimas do incêndio da boate que aconteceu no ano passado. A partir das 17h, o Movimento do Luto à Luta, Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia (AVTSM) e jovens da cidade farão o ato “Abrace Santa Maria”.
Mais manifestações devem acontecer em frente ao prédio da Prefeitura da cidade. Centenas de pessoas estão mobilizadas no centro.
- See more at: http://extrasm.com.br/noticias/plantao/kiss-manifestantes-pintam-de-sangue-o-chafariz-da-praca-saldanha-marinho/#sthash.lK4xb0PJ.dpuf


Será que não há outras cidades que esta intervenção também faria sentido?


A favor da sociedade

As instituições de ensino e pesquisa deveriam orientar mais explicitamente suas ações e políticas, de modo a gerar benefícios tangíveis
por Thomaz Wood Jr. — publicado  na revista Carta Capital em 31/01/2014 05:59
Rodrigo_Soldon/Flickr
No dia 26 de dezembro de 2013, o médico Marco Antonio Zago foi escolhido pelo governador de São Paulo, a partir de uma lista tríplice, para o cargo de reitor da USP. Durante a campanha, Zago disse à imprensa que “a USP precisa fazer mais. Isso porque, além de centro produtor de conhecimento e de formação, a USP tem de ser instrumento de mudança da sociedade”.                      
A declaração de Zago é significativa. De fato, existe no mundo acadêmico crescente preocupação com o impacto social, ou seja, em gerar conhecimento e realizar atividades capazes de trazer melhorias para a sociedade. A ambição é ir além do ensino, das pesquisas e da publicação de livros e artigos. O objetivo é prover benefícios tangíveis.
O tema do impacto social não é novo. O marco inicial das preocupações atuais é frequentemente atribuído ao trabalho pioneiro do americano Wannevar Bush. Seu relatório: “Science: The endless frontier”, divulgado em 1945, advogava que a ciência deveria satisfazer as necessidades da população; e os motores da prosperidade seriam o conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico. Portanto, quanto mais recursos forem aplicados na ciência, maior seria o benefício social.
A partir dos anos 2000, percebeu-se que o avanço do conhecimento não implica, inexoravelmente, a criação de riqueza, e que bem-estar social é mais que crescimento econômico. Isso levou à busca de indicadores de impacto mais sensíveis às demandas sociais.
No entanto, medir o impacto social do conhecimento gerado em universidades e instituições de pesquisa não é tarefa trivial. Para desvendar o enigma, diversos países desenvolveram e testaram sistemas para avaliação do impacto social. Um relatório da Comissão Europeia, de 2010, documenta os casos da Finlândia, da Alemanha e da Holanda. Os processos de geração, disseminação e apropriação do conhecimento variam significativamente entre disciplinas. Em cada campo do conhecimento existem mecanismos específicos que podem transformar os resultados da pesquisa ou do processo de geração do conhecimento em impacto social. Por isso, o modelo de avaliação deve ser multidimensional. Para cada dimensão, deve-se responder a questões práticas e objetivas.
A primeira dimensão refere-se às atividades de ensino e aprendizado. Estamos formando profissionais nas especializações corretas e com as competências necessárias para atender a sociedade? Ou mantemos cursos e conteúdos anacrônicos, defasados dos interesses e das necessidades do País?
A segunda dimensão relaciona-se à utilização do conhecimento gerado para desenvolvimento da ciência. As pesquisas que estamos realizado são relevantes, e estão sendo utilizadas e citadas por outros pesquisadores, levando ao avanço da ciência em seus diversos campos? Ou produzimos artigos científicos apenas para satisfazer interesses próprios, melhorar os indicadores da instituição e atender à burocracia estatal de controle da educação?
A terceira dimensão refere-se à disseminação científica, envolvendo os processos de difusão do conhecimento além da academia. Divulgamos os resultados de pesquisas para os atores sociais interessados, “traduzindo” as descobertas mais relevantes por meio da mídia geral ou especializada? Ou esperamos que nos procurem e decifrem nossos livros e artigos?
A quarta dimensão relaciona-se à geração de inovações, orientadas para o mercado. Geramos patentes e contribuímos para o crescimento econômico? Ou as pesquisas raramente têm aplicação e pouco contribuem para a inovação empresarial?
A quinta dimensão refere-se à influência sobre diretrizes e políticas públicas. Realizamos estudos que avaliam as políticas públicas e contribuem para o seu aperfeiçoamento? Ou apenas produzimos fragmentos críticos inconsequentes, cheios de opiniões e pobres em consistência?
Na última década, muitas instituições de ensino e pesquisa orientaram-se para o chamado “produtivismo” acadêmico, para aumentar o número de artigos publicados. Na luta para polir os indicadores, sofreu a qualidade, perderam a alma. 
Estabelecer, ou recuperar, o norte do impacto social pode ser boa medida para construir uma utopia menos instrumental e mais saudável.

Agroecologia Urbana